DeFi: Visão geral
O conceito por trás das finanças descentralizadas e as possibilidades no âmbito regulatório
EM RESUMO: O crescimento de DeFi. DeFi vs. CeFi.Regulação e compliance em Defi. Responsabilidades legais das plataformas DeFi. Como as DEXs impulsionaram DeFi. As TOP10 plataformas DeFi para 2024.
Blockchain, confiança e DeFi
A confiança na promessa de cumprir as obrigações são a pedra angular de qualquer transação negocial. Partes substanciais nos negócios são projetadas para resolver problemas de confiança e a assimetria nas transações por meio de uma infraestrutura de gerenciamento de risco.
Ora, os custos são substanciais para manter uma infraestrutura de gerenciamento de risco, projetada para verificação de identidade, autenticação de transações confiáveis e precisas, suporte e armazenamento seguro de registros. Todas essas atividades só existem para garantir a confiança das negociações, e evitar fraude e erro, e demandam capital e garantias substanciais que ficam bloqueados para conferir certeza e previsibilidade de resultados no mundo dos negócios.
Neste contexto, a blockchain vem para trazer possibilidades e soluções como as “finanças descentralizadas”, ou simplesmente DeFi (Decentralized Finance).
O principal objetivo de DeFi é ser capaz de dar aos consumidores e investidores a capacidade de controlar seus ativos de maneira segura, por meio da tecnologia blockchain.
No que DeFi difere de CeFi [finanças tradicionais]?
As atividades financeiras realizadas em DeFi são diferentes de suas contrapartes nas finanças tradicionais [CeFi] por alguns motivos.
Primeiro, os aplicativos DeFi são implantados como contratos inteligentes e as regras do aplicativo são escritas em código de software, em vez de serem aplicadas por empresas e contratos legais.
Ainda, as finanças em DeFi são globais e sem validadores tradicionais de confiança, pois com uma conexão de internet, qualquer pessoa pode interagir com aplicativos DeFi. Qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo pode facilmente investir, negociar e armazenar ativos nos protocolos DeFi.
Em terceiro lugar, os aplicativos DeFi são intercambiáveis, isto é, um contrato ou aplicativo inteligente DeFi pode ser usado por outros contratos inteligentes e aplicativos mais complexos, e quase todos os contratos inteligentes DeFi são de “código aberto público”, o que significa que todo o sistema financeiro está sendo construído de forma aberta (open source).
O acelerado crescimento de DeFi
DeFi usa protocolos de código aberto que permitem a criação de aplicativos financeiros robustos via tecnologia blockchain – não só no Ethereum, mas também em redes blockchain como Tron, BSB, Solana, Arbitrium, Blast, Base, Bitcoin, Avalanche, Polygon, Ethena e outras, que estão desenvolvendo novos produtos e serviços em DeFi.
De stablecoins a empréstimos, mercados de previsão, negociação de margem, pagamentos, seguros, jogos e mercados NFT, o ecossistema DeFi agora representa uma rede expansiva de protocolos integrados e instrumentos financeiros.
O Defi Summer
O crescimento de DeFi pode ser expresso de várias maneiras, sendo a mais intuitiva a medição de usuários ativos. Desde os primeiros dias dos experimentos DeFi, observamos uma tendência crescimento de usuários, que se mostrou explosiva a partir de 2021 quando o número de endereços ativos exclusivos que passaram a interagir com protocolos DeFi chegou aos 2,1 milhões.
Como observamos na imagem acima, desde o “DeFi Summer”, as bases de usuários dos protocolos e o número de detentores de tokens não parou de subir.
A imagem abaixo mostra a evolução do número de endereços únicos em DeFi em todo o mundo, de novembro de 2018 a dezembro de 2023.
Some-se a isto a transparência sem precedentes em relação aos dados de transações e à atividade das redes de protocolos DeFi, que oferecem vantagens exclusivas para a descoberta de dados, análise e tomada de decisões sobre oportunidades financeiras e gerenciamento de riscos.
Dados, análises e TVL
O crescimento explosivo de novos aplicativos DeFi estimulou o desenvolvimento de várias ferramentas e painéis, como o DeFiLhama, que ajudam os usuários a rastrear o valor total bloqueado [TVL] nos protocolos DeFi, avaliar o risco da plataforma e comparar o rendimento e a liquidez.
O TVL funciona agregando o valor total de todos os ativos que os usuários colocaram em staking, emprestaram ou se comprometeram com as plataformas DeFi. Um maior TVL indica maior envolvimento e confiança do usuário na plataforma, sugerindo um protocolo robusto e ativo. É um sinal da capacidade da plataforma de facilitar vários serviços de DeFi, potencialmente levando a mais oportunidades para os usuários ganharem juros e lucros ao longo do tempo.
Resiliência e volta do crescimento de Defi em 2023 e 2024
O mercado de DeFi permaneceu sob pressão durante a maior parte de 2023, pressionado pelas condições de mercado em baixa que continuaram nos primeiros meses do ano.
No entanto, a partir do quarto trimestre de 2023 o TVL Defi voltou a crescer, impulsionado pela melhora no sentimento do mercado cripto em relação ao halving do Bitcoin em 2024 e pelas aprovações dos ETFs de Bitcoin à vista pela SEC dos EUA.
Embora não esteja nem perto das máximas observadas em janeiro de 2022 - quando o TVL ultrapassou os US$ 200 bilhões - , o TVL DeFi subiu para US$ 96 bilhões, em comparação com as mínimas de cerca de US$ 37 bilhões observadas no início de 2023.
Nos últimos anos, assistimos a alguns problemas envolvendo protocolos DeFi como o hack da Poly Network em 2021 e o caso da Curve Finance em 2023.
Por conta disso, a regulação das finanças descentralizadas voltou a ser a bola da vez - recentemente, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos [SEC] alertou à Uniswap de uma possível ação fiscalizatória por operar como uma bolsa de valores e corretora não registrada.
Os aplicativos descentralizados (dApps) usados em DeFi não exigem que ninguém os gerencie. Ninguém controla os dApps DeFi, pois eles são totalmente descentralizados, executados sem intervenção humana.
Apesar de existirem desenvolvedores para correção de eventuais bugs , ajustes nos aplicativos e também eventuais adições, os dApps e protocolos DeFi operam integralmente por meio de códigos de computador e contratos inteligentes.
Por conta disso, alguns afirmam que as finanças descentralizadas não podem ser regulamentadas. Será?
Regulação e compliance em DeFi
Conquanto protocolos DeFi operem de forma autônoma, sem intervenção humana e geralmente nunca assumam a custódia de fundos [que permanecem nas carteiras digitais dos investidores], muitas plataformas de finanças descentralizadas são “centralizadas o suficiente”.
Isto é, as equipes por trás delas conseguem bloquear transações arriscadas e tomar outras ações contra atividades criminosas em potencial, o que sugere que elas podem sim ser regulamentadas como outras plataformas centralizadas de criptoativos.
Tendo isto em vista, vejamos algumas das questões em torno das obrigações regulatórias das plataformas descentralizadas.
A maioria das plataformas DeFi se enquadra na categoria de aplicativos descentralizados (dApps) construídos sobre blockchains enriquecidos por contratos inteligentes.
Os dApps podem cumprir funções financeiras específicas regidas por contratos inteligentes subjacentes, o que significa que podem executar transações (negócios, empréstimos, etc.) automaticamente quando condições específicas são atendidas. Quem quiser se aprofundar um pouco mais em dApps, escrevi sobre o uso de dApps nos negócios, aqui.
A maioria dos dApps constrói liquidez por meio do crowdsourcing de fundos de usuários que acreditam na missão do projeto e, a partir daí, podem colocar esses fundos para uso produtivo, conforme regido pelo protocolo blockchain.
Sem a necessidade de uma infraestrutura centralizada ou governança humana, os dApps podem permitir que os usuários executem transações financeiras com taxas mais baixas do que outros aplicativos de fintechs ou instituições financeiras.
As responsabilidades legais das plataformas DeFi
A maioria das plataformas de criptoativos [criptomoedas e tokens] assume a custódia dos fundos dos usuários e possui equipes para administrar internamente os fundos que foram depositados, manter livros de pedidos e resolver problemas que surgem para os clientes, de forma semelhante a uma instituição financeira convencional.
Já as plataformas DeFi são governadas por código de software autoexecutável, ou seja, podem ser executadas por conta própria, sem nenhuma equipe ou empresa que as gerencie.
Daí porque, elas geralmente não assumem a custódia dos fundos dos investidores e, em vez disso, os encaminham entre carteiras individuais com base no protocolo subjacente da plataforma.
Bem por isto, as plataformas DeFi não se comportam como um intermediário ativo da mesma forma que outras plataformas de criptos.
Neste contexto, as plataformas DeFi não estão sujeitas às mesmas regulamentações que as empresas de serviços financeiros convencionais? Não estariam sujeitas a leis de valores mobiliários e outros requisitos de compliance?
Operando sob a premissa de serem verdadeiramente descentralizadas, quem audita o código de uma plataforma DeFi? Quem é o responsável por eventuais vulnerabilidades? A quem cabe dar proteção às vítimas de golpes relacionados a DeFi e outras formas de crime financeiro?
Alguns como Adam Cochran, sócio e consultor da Cinneamhain Ventures , argumentam que as agências reguladoras provavelmente explorarão outros meios de fazer cumprir a lei nas plataformas DeFi, independentemente de estarem ou não associadas a uma empresa formal.
Outros, como o pesquisador Ryan Selkis aponta em um boletim informativo recente, que o argumento é discutível no momento, porque a maioria das plataformas DeFi atualmente possui equipes “centralizadas” no background, capazes de atualizar protocolos para congelar fundos de usuários ou bloquear transações se necessário.
Como as DEXs impulsionaram DeFi
As exchanges descentralizadas [DEXs] como a Uniswap são o tipo mais popular de dApp, como podemos ver no gráfico abaixo detalhando o crescimento do DeFi por plataforma.
DEXs permitem que os usuários comprem, vendam e troquem diferentes tokens construídos em um blockchain específico diretamente entre as carteiras uns dos outros, possibilitando uma maior privacidade e segurança.
A maior parte do crescimento DeFi desde seu nascimento pode ser atribuído a quatro principais plataformas: Uniswap (que já está na quarta versão), Kyber, Curve Finance e 1inch Exchange. Todos as quatro são DEXs.
As 10 principais plataformas DeFi para 2024
Ao analisarmos tanto os riscos quanto as potenciais recompensas, as Top10 Plataformas DeFi em 2024 são:
Por hoje é só. Mas continuaremos alertas para te trazer informações de ponta, em linguagem fácil e acessível sobre o ecossistema DeFi e protocolos afins.
Enquanto isso…., mantenha-se curioso, continue aprendendo e aprofunde-se nas principais notícias e conceitos sobre blockchain, Web3 e outras tecnologias de núcleo.
Nos vemos em breve!
O artigo original foi publicado na Exame.
Isenção de responsabilidade:
Todas as informações contidas em nosso site são publicadas de boa fé e apenas para fins educacionais. Não damos conselho de investimento. Qualquer ação que o leitor tome com base nas informações contidas neste website é por sua própria conta e risco.